A Loucura Nossa de Cada Dia

O Homem Que… é o Primeiro Filme da Sincronia em CoProdução

 

 Da Redação

Novos Trabalhos | 14 de Maio de 2014


Oficialmente o primeiro trabalho em coprodução da Sincronia Filmes – realizado conjuntamente com a Fábrica de Filmes, do diretor Yuri Tarone –, O Homem Que… é o típico labor of love geralmente presente no meio cinematográfico. Criado a partir da organização de várias mentes, mas sobretudo de três em especial, os diretores Emanuel Mendes e Francisco Costabile mais o videomaker e produtor cultural Yuri Tarone, o filme que agora inaugura a produtora dos dois primeiros teve, como muitas vezes acontece nesta área, um longo caminho percorrido. “Era para ter sido um documentário sobre a loucura”, afirma a assistente de produção da Sincronia, Bianka Saccoman. “Mas durante o processo de criação e discussão, os meninos decidiram realizar um trabalho de ficção – ainda que sem abdicar deste tema, na verdade o cerne do projeto”, continua Bianka.


Ainda durante este processo de criação, Mendes, Costabile e Tarone chegaram a pensar visitar centros psiquiátricos, hospitais e até manicômios como parte da pesquisa para o filme. Identificariam os problemas mentais mais comuns para então direcionar o então documentário que seria feito para o tópico específico. “Mas aí”, diz Bianka, “a coisa tomou rumos inesperados e mais desafiadores, como o fato de perceberem que, ao fazer um trabalho de ficção, as possibilidades de criação, imaginação e impacto poderiam ser muito maiores e mais divertidas”. Desta forma, separaram o trabalho da seguinte maneira: Emanuel escreveria o roteiro; Costabile montaria o trabalho e Yuri dirigiria, no que seria sua primeira experiência por trás das câmeras, ao menos para o cinema. Essa hierarquia, no entanto, não impediu de os três trabalharem juntos, em reuniões periódicas com e sem os outros da equipe (que acabariam por contribuir também para o trabalho, a exemplo do próprio título do curta, uma sugestão de momento dada pela produtora Julia Maury – namorada, aliás, de Tarone). 



Mas do que fala, exatamente, O Homem Que…? “Basicamente, sobre a loucura nossa de cada dia”, diz, sorrindo, Bianka. “Acho que o trabalho está interessante porque, em primeiro lugar, adota os temas e ideias presentes nos dois outros filmes do Emanuel (Assis & Aletéia e Amarar) – ou seja, personagens perdidos em devaneios que podem ou não existir, não sabemos exatamente se estão imaginando, sonhando ou de fato vivendo aquela situação. Fora isso, as pitadas e contribuições de cada membro da equipe (som; trilha sonora; o próprio trabalho dos atores; a montagem fragmentada e ” doida” do Chico (Costabile)), mais essa pegada pop do Yuri, temperada com um senso de humor peculiar, deram um ar todo especial para o projeto”, analisa a assistente de produção.


Estrelado por Pedro Ivo e Mario Möhrle – dois atores saídos das experiências dos palcos (e protagonistas que estão presentes em mais dois projetos da Sincronia já saindo do forno) –, nos papeis respectivos de Antônio Hora e Simão Balaustre, O Homem Que… tem a inspiração em diversos outros projetos artísticos, mas mais notadamente no conto O Alienista, do escritor brasileiro Machado de Assis. “Alguns dos temas do conto estão presentes no nosso filme, e não apenas nos nomes dos personagens”, diz Bianka. “Acho que muito do senso de humor da história do Machado está no projeto, e o fato de não sabermos exatamente quem é louco e quem é são. Também penso que o clima meio paranoico do livro está imerso no Homem Que…, especialmente em algumas cenas com o Pedro”, diz. 


Rodado em digital em locações em São Paulo – aí inclusas o famoso ponto turístico Beco do Batman, na Vila Madalena –, O Homem Que… desembarca para desafiar os espectadores sem jamais abdicar da diversão e do entretenimento. “Sem dúvida ter feito um filme de ficção, além de ter sido mais desafiador, como eu disse, também possibilitou explorarmos os mesmos temas (loucura; paranoia; solidão) com essa pegada mais prazerosa, com muito humor mesmo”, completa Bianka. O Homem Que… deve começar a percorrer os festivais em breve.   



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