Patricia Innocenti: De Fotógrafa a Cineasta

Profissional do Still Estreia no Cinema com A Tecnologia Social

 

Da Redação

Novos Trabalhos | 05 de Novembro de 2018

 

Apaixonada por fotografia há vários anos – começou compondo a luz em estúdio em 1992 –, a paulistana Patricia Innocenti deu um salto na carreira ao tornar-se diretora de cinema estreando no longa-metragem com A Tecnologia Social, primeiro projeto no formato realizado pela Sincronia Filmes, e quase todo rodado na África do Sul durante 16 dias ininterruptos em julho do ano passado. Convidada pelos produtores Emanuel Mendes e Janaina Zambotti – que conceberam e desenvolveram todo o projeto do filme desde a sua semente surgida com a produção do institucional para o Hackathon da ABEME em 2016 –, Patricia entrou na equipe não apenas por sua vasta experiência e profissionalismo na criação de imagens, mas sobretudo porque Mendes e Zambotti perceberam a importância de se compor uma equipe formada majoritariamente por mulheres, já que o cerne de A Tecnologia é o de uma fita sobre e para o mundo delas. Além do mais, Innocenti congregava a bagagem de já ter ido à África do Sul por duas vezes, registrando a fauna e a flora do país em ensaios fotográficos importantes e com um olhar muito particular – é dela também toda a concepção do livro Brasil – Volume 1, coletânea de fotografias tiradas de Norte a Sul e lançada de forma independente há alguns anos.  

 

Uma curiosa e sempre interessada por diversas culturas – o que tanto o livro quanto o filme deixam mais do que claro –, Patricia também é uma apaixonada pelos povos e pela variedade de pessoas que circulam pelo mundo, misturando em seu olhar a natureza, os animais e a interação dos seres humanos com eles. Com o filme, uma experiência à qual ela nunca havia se permitido, Patricia pôde não apenas exercer seu olhar sobre estes temas, mas também trabalhar pela primeira vez com as imagens em movimento – que de uma certa forma conversam com aquelas estáticas (algumas fotografias de Innocenti, tiradas enquanto ela trabalhava na concepção do filme, aparecem em A Tecnologia Social, e compõem um todo em uníssono com sua sensibilidade e com a do filme em si).  

 

 

“Fotografar a natureza é, antes de tudo, compreender, respeitar e harmonizar-se com ela”, diz Patricia na breve introdução de seu website. “Quanto maior a interação com o meio ambiente, mais facilmente enxergamos a beleza em todos os seus detalhes. Quando compreendi isso, nasceu um sentimento muito mais profundo pelo mundo ao meu redor”, diz. E justamente por causa disso, Patricia percebeu também que as quatro paredes de um estúdio fechado já não faziam mais sentido para seu trabalho. “Porque mais do que simplesmente registrar, eu escolhi ser a própria fotografia, como parte e extensão da minha própria natureza como ser humano”.  Sua sensibilidade também foi preponderante para ver a importância de se fazer as pessoas se emocionarem – seja com uma imagem estática ou em movimento. Foi assim que, em conjunto com a equipe do filme, Patricia deixou as coisas fluírem naturalmente, como bem são os bons documentários. “É claro que preparamos muita coisa, mas muito também, e acho que 70% do filme, apenas ligamos a câmera e deixamos e acompanhamos as pessoas, para que fossem elas mesmas”.   

 

Agora oficialmente com um longa-metragem no currículo, Patricia Innocenti pretende transitar entre os dois meios – que possuem semelhanças e os quais ela percebeu conversarem entre si –, realizando futuramente outros trabalhos na mesma área. “Gostei da brincadeira”, diz ela, sorrindo.  A Tecnologia Social entra em cartaz nos cinemas do país em breve. 

 

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