Terceiro Videoclipe para Elzo Henschell com Direção de Emanuel Mendes
Da Redação
Novos Trabalhos | 09 de Agosto de 2018
Para este novo videoclipe realizado para o cantor e compositor de rua Elzo Henschell – um blues na melhor acepção do termo e o terceiro de uma série de três que a Sincronia Filmes se propôs a fazer para divulgar o trabalho do talentoso artista e assim também entrar no universo musical –, a equipe comandada pelo diretor Emanuel Mendes (também dono da produtora) resolveu fazer diferente. “Tínhamos muito material de arquivo – filmagens não-usadas; cenas deletadas de outros trabalhos, além de um banco de imagem que guardamos para ocasiões justamente como essa”, afirma a produtora Janaina Zambotti, “e foi aí que resolvemos unir o útil ao agradável.” “Quando sentamos para escolher e montar esse material”, diz Emanuel, “além de procurarmos dar um sentido para que as imagens conversassem com a letra do Elzo, resolvemos que seria também interessante colocar (quase) todas elas de cabeça para baixo, invertidas mesmo, pois é disso o que fala a canção”, completa Mendes. Cheia de referências a outras canções e artistas famosos, como Cazuza, Raul Seixas, Titãs, e até Cássia Eller (“Não foi ela quem cantou que o mundo está ao contrário e ninguém percebeu?”, continua Janaina), a música de Elzo está certamente antenada não apenas com esse mundo invertido no qual vivemos, mas ao mesmo tempo com as novas gerações de brasileiros (e por que não do restante do planeta?) desiludidos talvez com o rumo para onde o qual muitas das coisas estão se dirigindo. “É com certeza uma letra politizada, contemporânea e muito irônica, mas na batida de um blues que fica na sua cabeça”, diz Janaina.
“Eu a compus na rua”, diz Elzo Henschell, reforçando ainda mais sua vocação de legítimo artífice das esquinas e avenidas de uma metrópole como São Paulo, em uma das muitas entrevistas concedidas à equipe durante a gravação dos vídeos. “Fiquei com essa ideia na cabeça, preciso fazer um blues, preciso fazer um blues, e resolvi que o escreveria a caminho da Paulista (onde Elzo toca regularmente), quando peguei um trem em Perus e ia para aquela região. Percebi que iria ter bastante tempo, e assim nasceu a canção. Toquei para algumas pessoas que assistem ao meu repertório na rua, elas gostaram e aí eu disse: opa!, a música tá pronta“, diz o cantor, em um jeito descolado e descontraído que fazem parte de sua personalidade.
Assim como a letra de Elzo contém diversas referências a outras e outros artistas, o vídeo também procurou seguir uma linha de pensamento semelhante: “Temos várias imagens de círculos, bolas, um planeta Terra que gira, tudo está em constante movimento circular, talvez como se disséssemos que, apesar de todos os problemas, o mundo não para, o tempo não para, para citar outra vez Cazuza”, sorri Janaina. “E há também referências óbvias aos problemas e mazelas do Brasil, como o mosquito (da dengue? o Chicungunya?) que também gira, as bonecas meio fantasmagóricas e de cabeça para baixo complementando a letra de uma geração adulterada, enfim, posso entender porque o Emanuel se interessou tanto pela música e quis dar a sua versão e interpretação da letra”, diz a produtora.
Hipnótica, atual, frequentemente épica e certamente desconcertante, Geração Adulterada fecha esse ciclo, ao menos por enquanto, com chave de ouro.
Assista abaixo ao resultado.